DOIS NOVOS DIÁCONOS PARA A DIOCESE DE COIMBRA


No próximo Domingo, dia 15 de Dezembro, pelas 16 horas, na Sé Nova, serão ordenados diáconos dois jovens da nossa diocese que se preparam para o sacerdócio.
Eles já terminaram o Curso de Teologia e encontram-se a estagiar em paróquias. O André Sequeira, de 32 anos de idade, natural de Arrotas, Pocariça (Cantanhede), encontra-se a estagiar na Unidade Pastoral de Santiago da Guarda (Ansião) sob a orientação do Padre Fernando Carvalho; e o Manuel Vaz Patto, com 25 anos de idade, natural de Nogueira do Cravo (Oliveira do Hospital), encontra-se a estagiar na Unidade Pastoral de Arganil, sob a orientação do Cónego Manuel Martins. A celebração será presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes.
 O “Correio” procurou nesta edição dar a conhecê-los aos seus leitores colocando algumas questões...


ANDRÉ SEQUEIRA: “QUERO ACIMA DE TUDO AJUDAR AS PESSOAS A ENCONTRAREM CRISTO”

Correio de Coimbra (CC) – Como surgiu esta tua vocação sacerdotal?
André Sequeira (AS) – Muito cedo. Aos sete anos comecei a ajudar o meu pároco, Padre Manuel António Marques, como acólito. Vi naquela pessoa um homem serviçal, próximo das pessoas, justo e honesto, e decidi que queria ser como ele. É evidente que não basta querer ser padre. Há a questão do chamamento de Deus, a vocação…

CC – E como surgiu essa vocação?
AS – Desde muito novo me senti chamado por Deus. Tinha uma grande paixão pelo mundo missionário. Mas, certezas, nunca temos. Em qualquer momento podem surgir dúvidas. Mas sentimos que somos chamados por Deus, somos especiais para Ele, e que Ele nos chama a seguir este caminho. É uma questão de fé. E a fé é Deus que a dá. Claro que surgem sempre dificuldades, mas temos um sonho, um objetivo, e damos tudo por Ele. Se é esta a Sua vontade, Deus ajuda-nos a ultrapassar essas dificuldades e tentações. Recordo o percurso do rei David, que não foi fácil. Ele errou, mas foi escolhido por Deus. Apesar de sentir que sou pecador, que já cometi erros, Deus escolheu-me para Seu caminho e para o trabalho com o Seu povo eleito.

CC – Mas o seu percurso foi um pouco atribulado?
AS – (risos) Fiz a escola primária na Pocariça, o quinto e o sexto em Cantanhede e depois fui para Fátima, onde entrei na congregação dos padres paulistas, frequentado o ensino geral até ao 12.º ano. Fui para Lisboa para o Seminário dos Paulistas, onde estive dois anos a estudar Teologia na Universidade Católica. Fui depois para Roma onde fiz o noviciado na Casa Provincial dos Padres Paulistas, em Itália. Regressei aos estudos de Teologia, pedindo a transferência para o Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra, onde conclui, no ano passado, com a tese de mestrado “O anúncio messiânico na primeira carta aos Coríntios”, onde foi defendida na Universidade Católica de Lisboa. Encontro-me agora a estagiar em Santiago da Guarda, onde colaboro arduamente com o Padre Fernando Carvalho. Daí eu ter escolhido o lema “Para mim, viver, é Cristo”.

CC – Em que consiste esse estágio?
AS – É nomeadamente um trabalho pastoral, colocando em ação tudo o que aprendemos no curso. Ajudando o pároco naquilo que for preciso, catequese, formação de acólitos, funerais, atendimento, etc. Ou seja é tudo aquilo que um leigo também pode fazer… todos nós fazemos parte da Igreja.

CC – O que espera da Igreja de Coimbra?
AS – Prefiro responder-lhe sobre aquilo que a Igreja de Coimbra espera de mim. Simplesmente estar ao serviço das pessoas, das comunidades… Apesar das minhas limitações e dificuldades quero estar próximo de todos. Quero ser o homem de Deus que o padre é, servir na alegria, ajudando a crescer a nível humano e espiritual e ajudando acima de tudo as pessoas a encontrarem-se com Cristo.


MANUEL VAZ PATTO: “A MINHA VOCAÇÃO NASCEU NO SEIO DA MINHA FAMÍLIA”

Correio de Coimbra (CC) – Vai ser ordenado no próximo domingo diácono. Qual o significado que tem para si a concretização deste momento?
Manuel Vaz Patto (MP) – Ser Ordenado Diácono é para mim uma enorme alegria: Deus aceita para sempre a entrega que eu Lhe faço de toda a minha vida e passo a pertencer-Lhe só a Ele para o serviço dos irmãos. E ser Diácono é também uma grande responsabilidade porque implica uma disponibilidade total para o serviço da evangelização, da caridade e do culto.

CC - Como e quando surgiu esta decisão?
MVP – Não fui eu o primeiro a descobrir que Deus me chama a ser Padre! Antes de sentir o chamamento de Jesus ouvi a pergunta de alguns: “Já pensaste que podias ser Padre?” Como tantas vezes acontece, as pessoas que nos rodeiam e que nos conhecem bem apercebem-se melhor e mais depressa do que nós de qual a nossa vocação e daquilo que Deus vai realizando em nós. Foi o que aconteceu comigo. O meu pároco, o Padre Cândido Plácido, viu a minha disponibilidade e gosto em ajudar na Paróquia, sobretudo como acólito, e conhecendo-me bem, descobriu ainda primeiro do que eu qual era a minha vocação. Na minha Paróquia de Nogueira do Cravo comecei a ser acólito depois da primeira Comunhão e isso ajudou-me muito a conhecer Jesus e a saber que Ele deu a Sua vida por nós na Cruz e que continua presente na Eucaristia. Eu estava no 8º ano quando o meu pároco me convidou para ir a um encontro do Pré-Seminário e aceitei sem saber bem do que se tratava e sem querer ainda ser Padre. Depois disso comecei a questionar-me: “Não será que Deus me chama a servi-Lo como Padre?” Fui então sentindo cada vez com mais força que a resposta era um ‘sim’ e não podia ser outra. A partir daí comecei a entregar o meu coração todo a Jesus e a guardar o meu amor só para Ele. Fui aos encontros do Pré-Seminário desde o 8º até ao 12º ano e foi muito importante para eu descobrir qual era a minha vocação. Depois do 12º ano decidi ir para o Seminário porque queria dar a minha vida toda a Deus como Padre. O Seminário foi um tempo privilegiado de encontro com Deus, de amizade com os colegas, de aprendizagem e de crescimento humano.

CC – Qual foi a reação dos seus amigos e familiares?
MVP – A minha vocação nasceu na minha família. Foram os meus pais que me ensinaram a rezar todos os dias e foi com eles que eu aprendi a amar a Jesus e à Igreja. Posso dizer que não foi fácil dizer a todos que queria ser Padre mas todos acabaram por compreender e aceitar porque me viam decidido e feliz.

CC – O que espera da Igreja de Coimbra?
MVP – Estou a iniciar o estágio pastoral nas Paróquias de Arganil, Celavisa, Pombeiro da Beira, Sarzedo e Secarias com o Sr. Cónego Manuel Martins. Espero que este estágio pastoral seja sobretudo um tempo de aprendizagem para conhecer melhor qual a missão do Padre nos dias de hoje e quais as necessidades das pessoas. Espero assim poder preparar-me para ser Ordenado Sacerdote. Quero ser um Sacerdote segundo o Coração de Jesus mas não posso contar só com as minhas capacidades. Preciso que Deus me ajude e peço por isso à Igreja de Coimbra que reze por mim, pelo André Sequeira e pelos nossos seminaristas e pré-seminaristas: que haja muitos e santos Sacerdotes.


(Amicor)