LEVANTA OS OLHOS E CONTA, SE ÉS CAPAZ....




A narrativa de Abraão, pelas páginas do livro bíblico do Génesis, coloca-nos diante de uma situação que nos é muito familiar: 

Abraão, um homem de muitas possibilidades, tinha apenas uma impossibilidade, que foi precisamente aquela pela qual ficou conhecido: não tinha um filho. E desde que Deus se põe a fazer caminho com Abraão, o tópico maior de conversa entre eles é sempre este.

E Deus, sempre à grande, põe-se a sonhar para o seu amigo Abraão uma descencência numerosa, um grande povo (aliás, vários povos) e alarga-lhe a vista para lhe fazer promessas de que dele sairão reis de nações, que só quem puder contar os grãos do pó da terra, poderá contar os seus descendentes.
Ao todo são cinco vezes, em muito poucas linhas, que Deus promete, a um Abraão desejoso de um filho, uma descendência numerosa.
E Abraão, ou nada diz ou quando se propõe a responder é simplesmente para dizer: "Mas Senhor, continuo sem um filho..."

Deus a sonhar para Abraão uma descendência numerosa para lá do que o olhar é capaz de enxergar, e Abraão a suspirar por um filho apenas que seja.
E o tempo vai passando... até que Deus, pela primeira vez, muda a perspectiva da promessa:
"Eu abençoarei a tua mulher, Sara, e dela te darei um filho. Ela dará à luz no próximo ano."
E a esta promessa, Abraão, atira-se para o chão a rir....

Abraão ri, quando o "impossível" se faz tarefa concreta dele.
E esta não vai ser a única vez.

E este retrato de Abraão, é o nosso tantas vezes, porque é tão mais fácil acreditar nas coisas altíssimas que não nos comprometem, do que nas coisas baixissimas que nos implicam inteiros.
É quando o "impossível" se torna tarefa nossa que deixamos de dizer "amen" e a vontade de rir aumenta.
Mas é mesmo assim que Deus se põe a fazer caminho, não apenas com Abraão, mas também connosco hoje...


Daniel Ferreira