A PRIMEIRA COMUNHÃO DA IRMÃ LÚCIA




Vamos hoje conhecer melhor como foi vivida pela Irmã Lúcia, e pela sua família, o dia da sua primeira Comunhão. 

Dizia a Ir.ª Lúcia que uma das suas características mais marcante na sua infância era a curiosidade. Não podia ficar na dúvida ou sem ver esclarecidas as suas questões. A sua mãe era a catequista da aldeia; não guardava as dúvidas para si e quando a mãe, na catequese não as esclarecia, à hora de jantar bombardeava o seu pai com todas as suas perguntas até ficar esclarecida. E o seu pai com toda a calma procurava responder-lhe e confirmar o que a mãe já havia dito.

Foi neste ambiente que a pastorinha de Fátima chegou ao dia da sua primeira Comunhão. Como era costume do prior da aldeia, só recebia a Comunhão quem já tivesse 7 anos, facto que desgostou Lúcia, porque ainda só tinha 6. Como tivesse vindo um padre de fora para ajudar o prior na festa, e vendo-a tão chorosa perguntou-lhe o que se passava, ao que ela lhe respondeu. Chamou-a e fez-lhe o pequeno exame que era costume fazer e percebeu que era uma criança preparada e consciente para a situação. Perante o facto fala com o prior e assume a responsabilidade relativamente à pequena Lúcia, a qual se enche de alegria e entusiasmo. 

Nessa tarde de sábado vai fazer a sua primeira confissão preparada pela mãe. Confessa-se a este padre de fora. Conta a Ir.ª Lúcia este relato com alguma piada; eis apenas o que lhe diz a sua mãe no final da sua confissão: "-Minha filha, não sabes que a confissão se faz baixinho, que é um segredo? Toda a gente te ouviu! Só no fim disseste uma coisa que ninguém soube o que foi". 

Este é um pequeno relato da candura e inocência vivida por esta criança simples e humilde. Conta um pouco mais à frente, o que lhe disse o padre no final da confissão: "-Minha filha, a sua alma é um templo do Espírito Santo. Guarde-a para sempre pura, para que Ele possa continuar nela a Sua acção divina". estas foram palavras que caíram fundo no seu coração e sempre procurou ser-lhe fiel ao longo da sua vida. A noite que antecedia o grande dia foi passada em vigília, sem conseguir dormir pelo entusiasmo e a prepararem-lhe o vestido branco; nesta noite, diz, fez a sua primeira consagração a Maria. A missa da sua comunhão é assim relatada pela própria pastorinha: 

"Começou a missa cantada e à maneira que o momento se aproximava, o coração batia mais apressado, na expectativa da visita de um grande Deus que ia descer do Céu para se unir à minha pobre alma. O Senhor Prior desceu por entre as filas a distribuir o Pão dos Anjos. Tive a sorte de ser a primeira. Quando o Sacerdote descia os degraus do altar, o coração parecia querer sair-me do peito. Mas logo que pousou em meus lábios a Hóstia Divina, senti uma serenidade e uma paz inalterável; senti que me invadia uma atmosfera tão sobrenatural, que a presença do nosso bom Deus se me tornava tao sensível, como se O visse e ouvisse com os sentidos corporais. Dirigi-Lhe então as minhas súplicas: 

- Senhor, fazei-me uma santa, guardai o meu coração sempre puro, para Ti só". 

Como vemos, o dia da sua primeira Comunhão foi extremamente marcante para a sua vida. Neste dia começa-se a definir muito daquela que seria futuramente uma das pastorinhas e videntes de Fátima. É a própria Lúcia que o afirma e que diz: uma primeira Comunhão bem preparada e vivida marca para o resto da vida. Para concluir diz-nos ela, em primeira pessoa, que neste dia, começa a desenhar-se nela um movimento de entrega a Maria e à vontade do Senhor.


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